Piercing Oral, Se Não Tem como Vencê-Lo... Oriente o Paciente!
Eis o conselho que dou aos meus pacientes:
SE O PIERCING ORAL FOSSE LEGAL PARA O PACIENTE O DENTISTA MESMO COLOCAVA!
Mas o acessório conquistou espaço entre os adolescentes, no Brasil, a partir dos anos de 1990. E normalmente um só não basta: o jovem coloca vários espalhados pelo corpo. De uns anos para cá, um dos locais preferidos pelos amantes desse adorno tem sido a boca.
Muitos adolescentes colocam piercing ou fazem tatuagem para se destacar no grupo ou definir traços de sua personalidade.
... EXISTEM RISCOS COM USO DO PIERCING ORAL
INFECÇÃO: a boca contém milhões de bactérias que podem causar infecções depois da fixação de um piercing oral, já que o adorno altera a flora bacteriana.
SANGRAMENTO PROLONGADO: caso um vaso sangüíneo seja perfurado durante a colocação, pode haver forte sangramento e hemorragia.
DOR E INCHAÇO: são sintomas comuns no usuário de piercing na boca. Em casos mais sérios, a língua pode inchar muito, comprometendo, dessa forma, a passagem de ar e a respiração.
DENTES DANIFICADOS: o contato com o adorno pode danificar o dente, por causa do atrito excessivo. Dentes com restaurações — coroas ou jaquetas, por exemplo — também podem ser prejudicados pelas peças de metal.
FERIMENTO NA GENGIVA: o piercing pode ferir o tecido da gengiva, que é sensível, e causar retração gengival. O problema torna os dentes mais vulneráveis às cáries e à periodontite.
INTERFERÊNCIA ORAL: o acessório aumenta a produção de saliva, impedindo a pronúncia correta das palavras, além de dificultar a mastigação.
DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS: com a perfuração, a pessoa fica mais suscetível a doenças, como a aids, se tiver o contato com portadores da doença, por meio do sexo oral ou beijo.
ENDOCARDITE: o piercing oral pode causar inflamação das válvulas e dos tecidos cardíacos. A ferida causada pela perfuração facilita a entrada de bactérias na corrente sangüínea, podendo, inclusive, chegar ao coração.
FURO IRREVERSÍVEL: ao retirar o piercing, a perfuração formará uma fibrose, só eliminada com cirurgia plástica.
Em recente publicação na revista da Clínica Mayo de Rochester (USA), o piercing bucal foi relacionado à endocardite infecciosa (infecção no coração). Num outro trabalho realizado na Alemanha, com 273 pessoas portadoras de piercings na boca, foram verificadas alterações bucais em 60% dos casos. A revista odontológica americana JADA, uma das publicações de maior credibilidade no mundo, relacionou o piercing bucal com hepatite B, C, D e até a aids. Já a Escola de Odontologia de Nova Jersey publicou na revista General Dentistry um artigo afirmando que o piercing bucal aumenta o risco de câncer na boca, devido aos traumas que pode causar na mucosa.
Portanto se o paciente insiste na colocação, ou uso do piercing bucal, aí seguem algumas orientações para tentar evitar problemas:
Caprichar na higiene: depois de cada refeição, escove os dentes e dê uma atenção maior àquele em que o piercing foi colado.
Usar o fio dental: não esquecer de intensificar o seu uso ao redor do adorno para retirar a placa bacteriana que tende a se fixa.
Diminuir a mobilidade do adorno: não brincar de torcer, mordiscar, girar ou tocar o piercing com as mãos, já que esses tipos de hábitos aumentam os traumas na mucosa.
Tomar muito cuidado durante a mastigação: na hora de provar os alimentos, certificar-se de que não está mordendo o piercing, o que pode provocar desgastes ou fraturas nos dentes.
Tirar o piercing durante a higiene bucal. Após alimentar-se, retire o adorno, escove os dentes, use o fio dental, higienize a língua e as bochechas internas com a escova e, em seguida, escove o piercing como uma prótese dentária antes de colocá-lo no local.
Fazer bochechos com produto antisséptico. Para tanto, consulte um dentista que irá indicar a melhor marca e a dosagem diária do líquido.
É importante saber diferenciar o piercing bucal do piercing no dente. No primeiro caso, o acessório é colocado após a perfuração da mucosa dos lábios, das bochechas ou da língua. É confeccionado em ouro, aço cirúrgico ou titânio, materiais que apresentam boa compatibilidade, o que não impede ‘efeitos colaterais’ após a sua colocação, que geralmente é feita nas lojas que vendem o produto.
Já o piercing dental — um pequeno strass ou lasca de metal brilhante (como o ouro ou o aço) — é colado na face externa do dente. E somente um dentista pode fixá-lo, utilizando, para tanto, uma cola especial compatível com o dente.
Existe um consenso entre os pesquisadores que os estabelecimentos destinados aa colocação do piercing deveriam passar por inspeções e fiscalização, podendo atuar unicamente mediante licença ou alvará.
Os colocadores de piercing deveriam receber instruções para minimizar os riscos a que expõem o usuário e alertá–los sobre possíveis complicações.
E nós dentistas devemos considerar os danos causados pelos piercings, pois podemos ser solicitados para tratamento dos mesmos.